terça-feira, 8 de novembro de 2011

EM DEFESA DA NATUREZA



Maria nuca gostou
De ver uma arvore cortada
Pois nos seus galhos repousa
O ninho de um beija-flor

Maria nunca gostou
De ver na mata a queimada
E a fauna correr assombrada
Procurando um salvador

Maria nunca gostou
Do ser que prendeu a vida
Numa gaiola fornida
Um tristonho cantador

Maria nunca gostou
Da espingarda traiçoeira
Da padra da baladeira
Onde o animal tombou

Maria nunca gostou
Do ferrão do carroceiro
Do chicote do vaqueiro
E do animal a dor

EMANOEL CARVALHO
09/11/2011

domingo, 6 de novembro de 2011

LEMBRANÇAS DO MEU SERTÃO

As veses vem na lembrança as coisas do meu sertão
Acasa velha de barro tambem de barro o fogão
Com uma chapa de ferro quatro furos com um tampão
Trabalhando o dia inteiro movido a lenha ou carvão
Os utensilios de barro e um forno de assar pao
Era aceso o dia inteiro pra preparar a refeição




Na sala a gente via a velha mesa encostada
Oito cadeiras de couro lamparinas penduradas
Seis tamboretes espalhados pra quem fisesse chegada
Sete tornos nas paredes pras redes nas descansadas
Um pote de aqua fria colhida na invernada
E sobre a mesa eu vi um ferro de passar a brasa


No quarto do casal tinha cama com colção de palha
A janela pro nascente a porta dava pra sala
um oratório na mesinha com são vicente de paula
Perto da cama uns tijolos encima deles a mala
Pendurada na parede a espingarda e as balas
Embaixo da cama um penico que tudo ver mas não fala


Um outro quarto isolado com um grande janelão
Era muito ultilizado como paiol de algodão
E alguns silos que guardava milho farinha e feijão
Tambem guardava as ferragens foice machado e facão
A sela de montaria esporas arreios e gibão
O moinho de moer cafe e o arado de cortar chão


No terreiro da cosinha se encontrava o pilão
Mais na frente pude ver carroça e carro de mão
Galinha pato e guine a pequena criação
No cercado um burro preso comia numa cocheira
Embaixo de uma latada um boi de campinadeira
Descansava do trabalho admirando a capoeira


Vendo a casa por fora de alpendres rodeada
Um cepo velho rachado um banco e uma rede armada
Uma pedra de amolar e a cangalha pendurada
Em frente um juazeiro sombreava o ambiente
Atrás o curral do gado mantinha algumas sementes
São lembranças do sertão que guardo na minha mente


EMANOEL CARVALHO
06/11/2011

SAUDADES

                      SAUDADES

Eu que nasci no sertão descendente do roçado
Do cheiro de chão molhado que guardo desde a infancia
Das paisagens a lembrança das cores do fim do dia
Do inverno a alegria da seca a desolação
Morro levando comigo as saudades do meu sertão

EMANOEL CARVALHO

06/11/2011
              INSPIRAÇÃO POÉTICA
Poeta nasce poeta analfabeto ou letrado
Tem o cerebro iluminado pela luz da poesia
Nos versos faz moradia na rima traz a paixão
E nas criações do supremo tudo vira inspiração

No poder da oração nos ramos da rezadeira
No s trabalhos da parteira no vaqueiro no sertão
No inverno no verão na mata seca ou florida
Nos aperreios da vida tudo vira inspiração

Nas veredas do roçado na cabaça de aqua fria
Na mata que arrepia na sombra de um juazeiro
No pino do meio dia no revoar do cancão
Na tristesa na alegria tudo vira inspiraçao


EMANOEL CARVALHO 
06/11/2011

sábado, 5 de novembro de 2011

IMAGINAÇAO -EMANOEL MILHOMENS DE CARVALHO

IMAGINAÇÃO
Eu sou filho da floresta neto de um rio permanente
Sou afilhado da enchente irmão da fauna que resta
Dos pássaros que fazem festa e cantam aqui livremente
Do sol que aquece a gente da lua que a noite clareia
Eu sou sobrinho do mar que tudo cospe na areia

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Sou enchente que liberta o rio por tu represado
Arrastando teus reinados moendo e jogando fora
Sou assovio de caipora anunciando tua vinda
Sou animal que ainda não escapou da tua espora
Sou ave que não esta fora do pino da tua mira
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Eu sou um ser indefeso comigo ninguém se importa
Dos meus braços do meu tronco cobrem casas fazem portas
Sem ter dó nem piedade invadem a privacidade do ser que so lhe faz bem
Filtra o ar que tu respira te dar sombra te dar frutos
Mas e cortado também
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Eu sou um lamento perdido que chamam de extinção
A raposa a jaguatirica e o servo do sertão
Perderam o espaço para o gado e pra sua alimentação
O que antes era aberto e livre de marcação
Hoje é cercado com varas com prego arame e mourão
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Deus quando criou a terra pra ninguém deu escritura
Porém toda criatura cerca e limita o espaço
Queima o chão vira bagaço espanta quem nela habita
Ser saber que no cansaço que chegar no fim da vida
Sete palmos sobrarão sem que lhe sare a ferida
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Sou natureza revolta em forma de furacão
Sou vento que arrasta tudo que estar firmado no chão
Ou tu devolves o que é meu ou te enterro em teu rincão
AUTOR: Emanoel Milhomens de Carvalho   
Natal/RN-10/10/2011