segunda-feira, 27 de maio de 2013

SÃO MIGUEL

Nos arquivos da mente resgatei os retalhos da minha mocidade
Nos açudes, cacimbas e barragens que ainda vem registindo ao tempo
Era onde passavamos momentos nos unindo osítio e a cidade
Quando eu era ainda uma criança a diversão que o povo preferia
Era o forró, o samba, a cantoria de repente viola e poesia
Conheci alguns feras do repente Ivanindo, Geraldo, Sebastião
Louro branco, João Paraibano e o grande poeta Azulão
Entre outros perdidos na memória que se foram pra outra dimensão
Também tinha as festas de padroeiros com festejos, parque de diversão
E as juras de amor tão inocentes na pracinha ou por trás do barracão

Eu deixei minha terra com saudades e ainda trago o cheiro do seu clima
Ainda lembro das casas velha antigas rodeadas com cerca de faxina
O cheiro do pavio, do querosene e a fumaça da velha lamparina
Onde é o banco funcionou uma usina e onde é a rádio um deposito de algodão
De Tomás era o bar mais visitado Miguel Flor no forró tinha tradição
O ferreiro o mestre da fornalha era o mais procurado Zé Limão
Na arte do couro conheci Sales Ferreira um grande artesão
O meu rastro está em cada esquina, cada praça, igreja no pó do chão
São Miguel te deixei mas ainda volto nem que seja a procura de oração.

EMANOEL CARVALHO
27052013

segunda-feira, 20 de maio de 2013

TRISTEZA

Quando a seca castiga o meu sertão e eu vejo a nuvem lá em cima
Branca como a neve ou cristalina sem sinal de inverno eu entristeço
O sol quente derrete o meu juízo e eu vejo que o tempo muda o clima
As carcaças de bois pelas campinas é uma imagem dura da fraqueza
O vaqueiro suspira com tristeza vendo a cena que poucos imagina.

EMANOEL CARVALHO     20/05/2013

quinta-feira, 25 de abril de 2013

INFANCIA

No batente de pau da casa velha bem de frente o engenho do meu avô
Eu sentia o cheiro das fulô que a brisa da tarde me trazia
Quando a tarde findava e escurecia minha avô acendia as lamparinas
E eu lá fora olhava para cima procurando o cruzeiro e as três marias.

EMANOEL CARVALHO
21/09/2012

domingo, 3 de março de 2013

                           QUEM HABITA
Vagando pelo sertão numa estrada de chão batido
Ao longe ouvi um latido de um cão que se aproximava
Como se avisasse o dono que um estranho chegava

Com sede e muito cansado da casa me aproximei
Mas ninguem avistei e fiquei ali parado
Temeroso observando o cão latindo a meu lado

Era uma casa de taipa por varandas rodeada
Chamei ninguem respondeu resolvi dar uma olhada
Empurrei a porta e vi que não estava trancada

Em um canto da parede por trás da porta eu via
Um pote de água fria e as canecas penduradas
Olhei  e vi na entrada o cão que me vigiava.

Deparei-me com um cenario muito comum no sertão
Em um torno na parede um chocalho e um gibão
Um par de botas de couro e na mesa um velho facão

E foi com esse cenário tão singelo e tão mateiro
Que descobi o morador daquele lugar trgueiro
Pois procurei e vi as esporas do vaqueiro

EMANOEL CARVALHO
03/03/2013
 


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

DESEJO

Eu quero hoje deixar a praça a poluição
Voltar lá pro meu sertão rever o povo de outrora
Ouvir cantador de viola se desmanchar no repente
Curtir forró com aguá-ardente mandar atristeza embora
Penetrar de mata adentro sem preocupação com a hora
Ouvir os sons da passarada e o assovio da caipora
Descansar ao meio dia na sombra do juazeiro
Ouvir o chocalho do gado e o aboiar do vaqueiro
Adormecer ouvindo a chuva acordar sem pesadelo.

EMANOEL CARVALHO

04/12/2012

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

PAZ DE ESPÍRITO

Onde existe um animal, uma planta florescendo,um pássaro em liberdade,
Um coração sem maldade, uma manhã de sol claro, uma noite enluarada,
O frio da madrugada, o alvorecer do dia, os pássaros em alegria,
O homem em harmonia mesmo sem ter companhia nem desfrutar de lazer
Sempre tem paz e prazer todo dia é diferente cuida da semente e ver o fruto crescer
Se alegra em ver brotar a flor por si cultivada cães  latindo na calçada
A chuva molhar o chão a visita do bem-ti-vi, a coleta do colibri o razante do azulão.

EMANOEL CARVALHO
16/08/2012

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

JUMENTO

No sertão da minha infancia despertador era o galo
O transporte era o cavalo e o jumento tinha valor
Transportava água sementes puxava cultivador
Servia de montaria, usava barril, cangalha, caçuá e arriador
Em canbitos transportava lenha, cana-de-açucar e capim pra o gado comer
Todo ano tinha uma cria foi de muita serventia lhe garanto pode crer.

Hoje vive abandonado deixou de viver no mato perdeu a sua função
Vive solto nas estradas em pistas movimentadas sem nenhuma proteção
Mas muito contribuiu para o desenvolvimento e o progresso do sertão
Tinha muita eficiencia no transporte de alimentos e na colheita do algodão
Nas feiras sempre se via servindo de montaria ou preso em um mourão
Faz pena faz dó se ver quem tanto serviu você não ter o valor de um tostão.

EMANOEL CARVALHO
10/08/2012