segunda-feira, 14 de novembro de 2011

INVERNO NO SERTÃO

Nos anos de inverno tudo é alegria
Cai água na terra pro povo plantar
Açude e barragens começan sangrar
O céu escurece e a terra esfria
E o nosso sertão parece fantasia
E a mata se veste com o verde do mar

A fauna renova e completa a beleza
Toda a natureza parece emergir
Raios e trovões começam cair
E o sertanejo esperando a colheita
Se anima festeja e volta a sorrir

Nos campos se ver brotar a fartura
Tem arroz feijão cana pra rapadura
Tem milho forragem pra o gado pastar
Comida de sobra pra alimentar
Quem vive da terra e da agricultura
E rio que desagua pra dentro do mar


EMANOEL CARVALHO
14/11/2011

sábado, 12 de novembro de 2011

SECA NO SERTÃO

Quando é seca no sertão
A tristeza ronda o campo
O sol aquece o chão racha
O sertanejo em abandono
Só clama a Deus pela água
Para aliviar seu pranto

Da mata só se ver galhos
A fauna desaparece
Olho para o céu e faço
Para o meu Deus uma prece
Que deixe a água cair
Pra preservar as espécies

Nunca deixe um nordestino
Mendigar pelas cidades
Passar por privacidades
Perambular sem destino
Deixando a terra querida
Por faltar agua e comida
Se tornar um peregrino
EMANOEL CARVALHO
 
12/11/2011

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Meu cajueiro

Voz poética de Emanuel Carvalho

Meu Cajueiro

O meu velho cajueiro
Que um dia me recebeu
Que doces frutos me deu
Sempre depois da florada
Posto em cima da calçada
É meu guarda-sol gigante
Seus galhos são como amantes
Enlaçados e bem cobertos
Suas folhas bem faceiras
Filtram o ar do meio dia
Ah, senhor! Como eu queria
Que seu tronco fosse eterno

Quando eu abria a janela
Bem cedo me deparava
Com uma orquestra cantando
De galho em galho pulando
Saboreando seu fruto
Sanhaçu, pardal, rolinha
De todo cantos eles vinham
De manhã e a tardinha
Meu cajueiro me parecia
Um viveiro a céu aberto
Tudo isso eu via de perto
Quando seus frutos amadurecia

Mas hoje velho e cansado
Seus galhos secos esfolados
Sem vigor pouco floresce
Seus frutos atrofiaram
Suas folhas ressecaram
E suas castanhas não crescem
Já recebi tantas propostas
De gente mal desalmada
Pra tirá-lo da calçada
Por não ter mais serventia
Mas por amor eu espero
Que ele se revigore um dia

Sem intenção de feri-lo
Querendo deixá-lo bonito
Por pura ignorância minha
Cortei uns galhos que tinham
Em outras plantas encostado
E ele sofreu com isso
Talvez tenha acelerado
O fim de sua produção
Gerando essa sequidão
Em suas folhas e galhos
Ah! Se meu arrependimento
O tornasse como antes
Nunca mais eu lhe tocava
Com objetos cortantes...

Emanuel Milhomens de Carvalho
Natal/2009

domingo, 23 de maio de 2010

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O VELHO DO ENGENHO

                      O VELHO DO ENGENHO

Velho e com uma só visão
Essa é a lembrança que eu tenho
Daquele velho do engenho a quem tive admiração
Por todos bem conhecido
Foi bom pai foi bom marido
E querido na região

Seu engenho foi referencia
Onde os visinhos moinham
A produção conduzida em tropa de animais
Dentro dos canaviais orientava a produção
Do corte a execução
Dos seus produtos finais

Produzia seu engenho mel alfinin e batida
A rapadura conhecida
A mais doce da região
Sob sua proteção muitos homens que auxilia
Nas moagens que hoje em dia
Se perderam da tradição

Em frente do engenho a casa
Uns vinte metros media
Ao seu lado residia o comprador de algodão
Que era um dos seus filhos
Que um comércio explorava
E a moeda que usava era a troca por producão

Bem velho perdeu a esposa
Anos depois faleceu
Dividiram os bens seu e o engenho desativado
Foi reduzido a ruinas
E as animações antigas
Soteradas no passado

Os abastardos deixaram
O tempo e o vento destruir
Nem lembrança existe mais
Dos que habitaram ali
Casa engenho e vacaria
Aonde a vida fluia deixaram de existir

Horacio da Cunha Lima
Hoje é pouco lembrado
Junto a ele seu legado
Foi pelo tempo esquecido
Talvez que algum amigo ainda tenha em lembrança
As animações do engenho pelo velho promovido


POEMA DEDICADO AO MEU AVÓ HORACIO DA CUNHA LIMA


EMANOEL CARVALHO
10/11/2011

terça-feira, 8 de novembro de 2011

EM DEFESA DA NATUREZA



Maria nuca gostou
De ver uma arvore cortada
Pois nos seus galhos repousa
O ninho de um beija-flor

Maria nunca gostou
De ver na mata a queimada
E a fauna correr assombrada
Procurando um salvador

Maria nunca gostou
Do ser que prendeu a vida
Numa gaiola fornida
Um tristonho cantador

Maria nunca gostou
Da espingarda traiçoeira
Da padra da baladeira
Onde o animal tombou

Maria nunca gostou
Do ferrão do carroceiro
Do chicote do vaqueiro
E do animal a dor

EMANOEL CARVALHO
09/11/2011

domingo, 6 de novembro de 2011

LEMBRANÇAS DO MEU SERTÃO

As veses vem na lembrança as coisas do meu sertão
Acasa velha de barro tambem de barro o fogão
Com uma chapa de ferro quatro furos com um tampão
Trabalhando o dia inteiro movido a lenha ou carvão
Os utensilios de barro e um forno de assar pao
Era aceso o dia inteiro pra preparar a refeição




Na sala a gente via a velha mesa encostada
Oito cadeiras de couro lamparinas penduradas
Seis tamboretes espalhados pra quem fisesse chegada
Sete tornos nas paredes pras redes nas descansadas
Um pote de aqua fria colhida na invernada
E sobre a mesa eu vi um ferro de passar a brasa


No quarto do casal tinha cama com colção de palha
A janela pro nascente a porta dava pra sala
um oratório na mesinha com são vicente de paula
Perto da cama uns tijolos encima deles a mala
Pendurada na parede a espingarda e as balas
Embaixo da cama um penico que tudo ver mas não fala


Um outro quarto isolado com um grande janelão
Era muito ultilizado como paiol de algodão
E alguns silos que guardava milho farinha e feijão
Tambem guardava as ferragens foice machado e facão
A sela de montaria esporas arreios e gibão
O moinho de moer cafe e o arado de cortar chão


No terreiro da cosinha se encontrava o pilão
Mais na frente pude ver carroça e carro de mão
Galinha pato e guine a pequena criação
No cercado um burro preso comia numa cocheira
Embaixo de uma latada um boi de campinadeira
Descansava do trabalho admirando a capoeira


Vendo a casa por fora de alpendres rodeada
Um cepo velho rachado um banco e uma rede armada
Uma pedra de amolar e a cangalha pendurada
Em frente um juazeiro sombreava o ambiente
Atrás o curral do gado mantinha algumas sementes
São lembranças do sertão que guardo na minha mente


EMANOEL CARVALHO
06/11/2011

SAUDADES

                      SAUDADES

Eu que nasci no sertão descendente do roçado
Do cheiro de chão molhado que guardo desde a infancia
Das paisagens a lembrança das cores do fim do dia
Do inverno a alegria da seca a desolação
Morro levando comigo as saudades do meu sertão

EMANOEL CARVALHO

06/11/2011