quarta-feira, 29 de maio de 2013

ADEMAR MACEDO

Ademar plantou cultura não pôde colher seu fruto
Hoje a poesia ta triste por não ter o substituto
Partiu pra eternidade deixou esse poeta de luto.

EMANOEL CARVALHO
30/05/2013

VIVA O POVO SERTANEJO



É o braço forte dessa criatura é a mão grossa que traz a fartura
É o passo longo meio atravessado e longo é o caminho que leva ao roçado
É o sertanejo bravo e de alma pura que sobrevive mesmo sem leitura
Que ama a terra que ficou marcada por água clama embaixo da latada
Que nunca teme a nenhuma emboscada vive da terra ou de quase nada
Que nunca usou de desonestidade adora o mato despreza a cidade

É o meu herói o bravo vaqueiro o caatingueiro tem sabedoria não ambiciona nem tem vaidade
A sua roupa é de algodão cru o seu sapato é couro de zebu sua peixeira fio de navalha
O seu chapéu todo mundo conhece o seu dinheiro é suficiente para atender sua necessidade
Seu dia a dia é na produção arrancando toco e brocando o chão
Mas quando chove ele tira da terra o seu sustento e o da criação
É esse o povo que eu admiro que representa a força do sertão.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

SÃO MIGUEL

Nos arquivos da mente resgatei os retalhos da minha mocidade
Nos açudes, cacimbas e barragens que ainda vem registindo ao tempo
Era onde passavamos momentos nos unindo osítio e a cidade
Quando eu era ainda uma criança a diversão que o povo preferia
Era o forró, o samba, a cantoria de repente viola e poesia
Conheci alguns feras do repente Ivanindo, Geraldo, Sebastião
Louro branco, João Paraibano e o grande poeta Azulão
Entre outros perdidos na memória que se foram pra outra dimensão
Também tinha as festas de padroeiros com festejos, parque de diversão
E as juras de amor tão inocentes na pracinha ou por trás do barracão

Eu deixei minha terra com saudades e ainda trago o cheiro do seu clima
Ainda lembro das casas velha antigas rodeadas com cerca de faxina
O cheiro do pavio, do querosene e a fumaça da velha lamparina
Onde é o banco funcionou uma usina e onde é a rádio um deposito de algodão
De Tomás era o bar mais visitado Miguel Flor no forró tinha tradição
O ferreiro o mestre da fornalha era o mais procurado Zé Limão
Na arte do couro conheci Sales Ferreira um grande artesão
O meu rastro está em cada esquina, cada praça, igreja no pó do chão
São Miguel te deixei mas ainda volto nem que seja a procura de oração.

EMANOEL CARVALHO
27052013

segunda-feira, 20 de maio de 2013

TRISTEZA

Quando a seca castiga o meu sertão e eu vejo a nuvem lá em cima
Branca como a neve ou cristalina sem sinal de inverno eu entristeço
O sol quente derrete o meu juízo e eu vejo que o tempo muda o clima
As carcaças de bois pelas campinas é uma imagem dura da fraqueza
O vaqueiro suspira com tristeza vendo a cena que poucos imagina.

EMANOEL CARVALHO     20/05/2013

quinta-feira, 25 de abril de 2013

INFANCIA

No batente de pau da casa velha bem de frente o engenho do meu avô
Eu sentia o cheiro das fulô que a brisa da tarde me trazia
Quando a tarde findava e escurecia minha avô acendia as lamparinas
E eu lá fora olhava para cima procurando o cruzeiro e as três marias.

EMANOEL CARVALHO
21/09/2012

domingo, 3 de março de 2013

                           QUEM HABITA
Vagando pelo sertão numa estrada de chão batido
Ao longe ouvi um latido de um cão que se aproximava
Como se avisasse o dono que um estranho chegava

Com sede e muito cansado da casa me aproximei
Mas ninguem avistei e fiquei ali parado
Temeroso observando o cão latindo a meu lado

Era uma casa de taipa por varandas rodeada
Chamei ninguem respondeu resolvi dar uma olhada
Empurrei a porta e vi que não estava trancada

Em um canto da parede por trás da porta eu via
Um pote de água fria e as canecas penduradas
Olhei  e vi na entrada o cão que me vigiava.

Deparei-me com um cenario muito comum no sertão
Em um torno na parede um chocalho e um gibão
Um par de botas de couro e na mesa um velho facão

E foi com esse cenário tão singelo e tão mateiro
Que descobi o morador daquele lugar trgueiro
Pois procurei e vi as esporas do vaqueiro

EMANOEL CARVALHO
03/03/2013
 


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

DESEJO

Eu quero hoje deixar a praça a poluição
Voltar lá pro meu sertão rever o povo de outrora
Ouvir cantador de viola se desmanchar no repente
Curtir forró com aguá-ardente mandar atristeza embora
Penetrar de mata adentro sem preocupação com a hora
Ouvir os sons da passarada e o assovio da caipora
Descansar ao meio dia na sombra do juazeiro
Ouvir o chocalho do gado e o aboiar do vaqueiro
Adormecer ouvindo a chuva acordar sem pesadelo.

EMANOEL CARVALHO

04/12/2012