segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O RIACHO

Da pureza das águas cristalinas dos riachos que antes me servia
Só restaram lembranças e agonia dessas águas que é hoje represada
Vendo que antigamente existia liberdade para suas corredeiras
Hoje existe em concreto uma barreira que a água ao bater fica parada
De um lado a ponte de travessia e do outro a pedra marroada
E no longo caminho que fazia teve partes que foram aterradas
Procurei liberta-lo mas não pude por ser fraco diante da grandeza
Pois é alta e larga a fortaleza onde os braços dos rios se perdiam.


EMANOEL CARVALHO
 28/10/2013

quinta-feira, 25 de julho de 2013

DE VOLTA AS ORIGENS


                        DE VOLTA AS ORIGENS

Minha amada hoje fez pro sertão uma viagem
Para rever uma paisagem que quando criança ia
Levar roupas numa bacia e no poço fazer a lavagem


Estranhou o ambiente achou baixa a corredeira
Viu a agua represada quebrar a força da cachoeira
O homem e o tempo mudando a sua imagem primeira

Mesmo assim não se abalou fotografou  fez filmagens
Desfrutando da paisagem a todos agradeceu
E cheia de vaidade pois foi naquelas paisagens que a poetisa nasceu

EMANOEL CARVALHO

LAMENTOS

                                  LAMENTOS
Hoje a natureza chora por falta de proteção
Madeira de lei vai embora aroeira vira mourão
Jatobá, angelim e ipê enfeitam só casarão
São transformadas em portas, escadas e corrimão

Os rios que hoje são referencia das cidades
Passam por dificuldades e por contaminação
Tem alguns trechos aterrados é o progresso avançado
Causando o maior estrago e chamam de evolução

A caça é proibida só onde a lei alcança
Em fazendas tem matança chamam de caça esportiva
A vigilância é ativa mas nunca vi algemado
Nem proprietário caçado por prática tão abusiva.


EMANOEL CARVALHO

28/01/2012

CONTRASTE

                           CONTRASTE
          
Rouxinol  faz alvorada sanhassu vem todo dia
Os bem-te-vis acompanham completando a melodia
Começam as quatro horas descansam ao final do dia
Todos cantam livremente sem por ninguém ser agredido
Pois aqui eu tenho abrigo pra todo animal que voa
Tenho água farta arvoredos espaço e comida boa
Entra dia finda dia só a noite ouço gemidos
Dos viventes sem sossego ou dos entes perseguidos
Da perturbação urbana e dos meus cães o aviso

EMANOEL CARVALHO
07/06/2012

PRESERVANDO A NATUREZA

Do sertão que fui criado
Hoje eu quero a extinção
Da espingarda de caça
Do quixó do alçapão
De arapuca e gaiola
Que aprisiona o canção

De viveiros enfeitados
Com espécies bem variadas
Que quase não encontramos
Em liberdade nas matas
Deixando despovoada
Nossa floresta encantada

Do caçador que atira
Por esporte ou vaidade
E faz questão de expor
Seu troféu pras amizades
Mesmo que pra isso deixe
Filhotes na orfandade

Queria eu hoje morar
Numa choupana na mata
Despertar ao raiar do dia
Por uma orquestra afinada
Cheiro de curral de gado
E cerca de vara trançada

EMANOEL CARVALHO

10/11/2011

ONDE ESTAIS

Onde há flores há paz
Onde há floresta há esperança
Onde há áqua há bonanza
Onde há vida há lembrança
Onde há fauna há fartura
Onde há respeito há alma pura
Onde há juazeiro há descanso
Onde há rio há remanso
Onde há produção há progresso
Onde há progresso há alegria
Onde há poeta há poesia

EMANOEL CARVALHO

21/12/2011

sábado, 15 de junho de 2013

POUCO SEI

Não entendo nada de poesia de suas regras nem tão pouco de métrica
Só expresso sentimentos e vivencias nunca disse a ninguém que sou poeta
Porém tenho meu estilo em fazer rimas e em cima de mim ninguém faz festa
A inspiração vem da natureza,vem do homem da roça, da floresta
Vem da mão calejada do matuto que desconhece a derrota e não protesta
Dos segredos da mata e seus mistérios que é parceiro do homem que a preserva.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

ADEMAR MACEDO

Ademar plantou cultura não pôde colher seu fruto
Hoje a poesia ta triste por não ter o substituto
Partiu pra eternidade deixou esse poeta de luto.

EMANOEL CARVALHO
30/05/2013

VIVA O POVO SERTANEJO



É o braço forte dessa criatura é a mão grossa que traz a fartura
É o passo longo meio atravessado e longo é o caminho que leva ao roçado
É o sertanejo bravo e de alma pura que sobrevive mesmo sem leitura
Que ama a terra que ficou marcada por água clama embaixo da latada
Que nunca teme a nenhuma emboscada vive da terra ou de quase nada
Que nunca usou de desonestidade adora o mato despreza a cidade

É o meu herói o bravo vaqueiro o caatingueiro tem sabedoria não ambiciona nem tem vaidade
A sua roupa é de algodão cru o seu sapato é couro de zebu sua peixeira fio de navalha
O seu chapéu todo mundo conhece o seu dinheiro é suficiente para atender sua necessidade
Seu dia a dia é na produção arrancando toco e brocando o chão
Mas quando chove ele tira da terra o seu sustento e o da criação
É esse o povo que eu admiro que representa a força do sertão.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

SÃO MIGUEL

Nos arquivos da mente resgatei os retalhos da minha mocidade
Nos açudes, cacimbas e barragens que ainda vem registindo ao tempo
Era onde passavamos momentos nos unindo osítio e a cidade
Quando eu era ainda uma criança a diversão que o povo preferia
Era o forró, o samba, a cantoria de repente viola e poesia
Conheci alguns feras do repente Ivanindo, Geraldo, Sebastião
Louro branco, João Paraibano e o grande poeta Azulão
Entre outros perdidos na memória que se foram pra outra dimensão
Também tinha as festas de padroeiros com festejos, parque de diversão
E as juras de amor tão inocentes na pracinha ou por trás do barracão

Eu deixei minha terra com saudades e ainda trago o cheiro do seu clima
Ainda lembro das casas velha antigas rodeadas com cerca de faxina
O cheiro do pavio, do querosene e a fumaça da velha lamparina
Onde é o banco funcionou uma usina e onde é a rádio um deposito de algodão
De Tomás era o bar mais visitado Miguel Flor no forró tinha tradição
O ferreiro o mestre da fornalha era o mais procurado Zé Limão
Na arte do couro conheci Sales Ferreira um grande artesão
O meu rastro está em cada esquina, cada praça, igreja no pó do chão
São Miguel te deixei mas ainda volto nem que seja a procura de oração.

EMANOEL CARVALHO
27052013

segunda-feira, 20 de maio de 2013

TRISTEZA

Quando a seca castiga o meu sertão e eu vejo a nuvem lá em cima
Branca como a neve ou cristalina sem sinal de inverno eu entristeço
O sol quente derrete o meu juízo e eu vejo que o tempo muda o clima
As carcaças de bois pelas campinas é uma imagem dura da fraqueza
O vaqueiro suspira com tristeza vendo a cena que poucos imagina.

EMANOEL CARVALHO     20/05/2013

quinta-feira, 25 de abril de 2013

INFANCIA

No batente de pau da casa velha bem de frente o engenho do meu avô
Eu sentia o cheiro das fulô que a brisa da tarde me trazia
Quando a tarde findava e escurecia minha avô acendia as lamparinas
E eu lá fora olhava para cima procurando o cruzeiro e as três marias.

EMANOEL CARVALHO
21/09/2012

domingo, 3 de março de 2013

                           QUEM HABITA
Vagando pelo sertão numa estrada de chão batido
Ao longe ouvi um latido de um cão que se aproximava
Como se avisasse o dono que um estranho chegava

Com sede e muito cansado da casa me aproximei
Mas ninguem avistei e fiquei ali parado
Temeroso observando o cão latindo a meu lado

Era uma casa de taipa por varandas rodeada
Chamei ninguem respondeu resolvi dar uma olhada
Empurrei a porta e vi que não estava trancada

Em um canto da parede por trás da porta eu via
Um pote de água fria e as canecas penduradas
Olhei  e vi na entrada o cão que me vigiava.

Deparei-me com um cenario muito comum no sertão
Em um torno na parede um chocalho e um gibão
Um par de botas de couro e na mesa um velho facão

E foi com esse cenário tão singelo e tão mateiro
Que descobi o morador daquele lugar trgueiro
Pois procurei e vi as esporas do vaqueiro

EMANOEL CARVALHO
03/03/2013